Estado negou recomendação da Procuradoria de suspender atividades religiosas e jogos de futebol
Diferentemente da expectativa pelo colapso de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em 32 cidades nesta quarta-feira (10), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), não decretou um lockdown nos municípios paulistas. As restrições para conter o crescimento da pandemia do coronavírus seguem as mesmas, apesar da baixa adesão às regras.
Os comércios essenciais, como supermercados e farmácias, seguem liberados para funcionar. Já os comércios não essenciais estão proibidos de atender presencialmente. Eles podem atuar apenas por delivery e take way. Contudo, o que se vê pelos bairros são portas abertas e grande fluxo de pessoas.
“Estamos com vários hospitais lotados e números crescentes de internação e óbitos”, declarou Doria. O G1 informou que 30 paulistas morreram à espera de leitos de UTI, sendo 11 em Taboão da Serra.
Apesar da recomendação da Procuradoria-Geral do Estado, Doria manteve a liberação de funcionamento de atividades religiosas presenciais, além do futebol profissional em São Paulo.
O toque de restrição de circulação segue mantido entre 20h e 5h, diariamente, além da fiscalização contra aglomerações.
Novos leitos
Serão abertos 338 novos leitos para internação de pacientes com covid-19, sendo 167 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), em hospitais estaduais, municipais e filantrópicos, até o final do mês. Em duas semanas, São Paulo anunciou 1.118 leitos, dos quais 676 são de UTI. “Não temos mais condições de criar novos leitos de UTI”, lamentou o secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn.
Ontem (9), o Complexo Hospitalar Padre Bento, no Jardim Tranquilidade, entrou em colapso de leitos de UTI. O Hospital Geral de Guarulhos (HGG), no Parque Cecap, estava com 95% de ocupação nos leitos intensivos.
Guarulhos não entrou em colapso porque a Prefeitura contratou, na semana passada, 20 leitos de UTI e nove de enfermaria do Hospital Neurocenter, na Vila das Palmeiras.
Ataque a Bolsonaro
Sobre o avanço da pandemia em todo o Brasil, Doria não poupou críticas ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e o Governo Federal, a quem culpou pelo colapso em vários estados.
O governador disse que falta uma coordenação nacional para combater a covid-19, demora para comprar vacinas, burocráticas que atrapalharam a liberação da Coronavac pelo Instituto Butantan, o descaso na orientação de uso de máscaras e a recomendação do uso de cloroquina, que é um medicamento comprovadamente ineficaz contra o coronavírus.
“O Brasil se tornou um pária no mundo. O mais indesejado por outras nações”, apontou, sobre o fechamento das fronteiras de vários países a passageiros brasileiros.